Ok, é notável que teoricamente eu não sou quem eu sou, ou seja, uso o nickname e estou aqui “escondida” atrás dele, mas não é disso que falo. Na verdade é de poder mostrar quem você é, se satisfazer com isso, se fazer entendida em todos os sentidos possíveis; imagino que as pessoas entendam alguma coisa de mim, aliás, o suficiente para ela não pisarem tão errado comigo, mas no fundo não sabem quem eu sou.
Claro que entendo e acredito que ninguém, principalmente as pessoas genéricas do seu dia a dia, não sabem quem você é lá no fundo, mas as vezes a situação é um pouquinho mais complicada… No meu caso, acredito fortemente, não consigo passar isso pela série de limitações que me estão impostas, aliás, muitas vezes eu não consigo ser eu mesma nem para mim! Terrível, né?
Vou falar aqui de algumas “causas”. Roupas, por exemplo, é uma delas… Você se veste Extamente como gostaria? Sente que suas roupas refletem sua personalidade? Se sim, que ótimo! Mas eu não, infelizmente.
A começar pelo fato de que não encontro as roupas que eu quero (e nem são as da moda, hein!), já que elas não me servem… E as vezes, mesmo que encontre ou até mande fazer, não posso usá-las pelo mínimo de bom senso que existe dentro de mim! Muita gente diria “Nossa, desencana! Se você gosta, vai fundo!”, mas pelo amor, eu não me sinto bem quando olho no espelho e vejo todas as coisas que não gosto sendo escancaradas pra qualquer pessoa na rua.
Já vi várias blogueiras ativistas do fat pried que fazem isso, algumas até acho que ficam legais, mas outras perdem a noção do ridículo as vezes.
Uma situação que aconteceu durante as férias me fez refletir bastante dentro deste tema – até ia comentá-la separadamente aqui, mas acho que se encaixa tão bem nesse assunto…
Um dia estava no banheiro de casa (a dos meus pais), me preparando para tomar banho, quando olhei para a janela e vi uma cena que daria uma ótima foto, daquelas criativas e que, infelizmente, chegam a ser uma piada… Havia duas calcinhas penduradas na grade, as duas bege-chocolate, uma enorme (a minha, óbvio) e uma pequena (a da minha irmã). Seilá, aquela imagem ficou martelando dentro da minha cabeça, do quão ridícula era aquela cena, de quão enorme e anormal eu sou/estou. Por quê a minha tinha que ser a calcinha enorme, gigantesca, feia, bege (aquilo não era uma coincidência, 98% é bege)? Por quê?
Isso me fez lembrar a primeira vez que meu namorado foi na minha casa e passou uma semana… Teve um determinado dia que comecei a ficar preocupada porque minhas calcinhas boas (aquelas que a gente gosta de usar mais) estavam acabando e se eu não as lavasse, logo teria que partir para as chatas e em seguida ficaria sem calcinha alguma! E por quê isso? Porque eu não queria lavar aquelas calcinhas enormes, beges, feias e pendurar no varau que dava justamente para a janela do quarto que ele estava ficando!!! Aliás, nem minhas calças jeans eu queria lavar, porque quando estavam (e estão, né!) no varau era (é) possível perceber ainda melhor quão enormes são.
E para piorar… Um dia abrimos a janela e lá estavam, umas 10 ou mais calcinhas da minha irmã, todas penduradas em fileira, pequenas e coloridas!!! Uma imagem até fotográfica de ser ver… Dito e feito! Ele achou divertido, achou bonito e quis fotografar! O fez, mas eu insisti que apagasse ou nem o fez, não lembro bem o detalhe, mas de qualquer forma se não tem uma foto da situação.
Imaginem como me senti? O cara por quem eu estava loucamente apaixonada, estava interessado em fotografar as calcinhas fofinhas da minha irmã! Não as minhas! Claro, até porque eu não tinha (e ainda acho que não tenho) nenhuma interessante.
E só para contar: nestes 3 anos de “namoro”, já houveram inúmeros varais com fileiras de calcinhas minhas (cores juntas, separadas por cor, uma cor sim e outra não…), mas ele nunca se “motivou” a fotografar tal cena.
Eis então que julho é a época de fazer compras e afins… Eu precisava de lingerie, roupas (calças e blusas), sapatos, bolsas e afins. Não é nem que eu queira (e é lógico que eu quero), mas é que eu realmente preciso. Então minha mãe pediu algumas calcinhas da Demillus (depois preciso fazer um “alarde” sobre a marca) pra mim e minha irmã disse que não queria porque não gostava da marca, aliás, minha mãe me deu algumas que havia comprado para ela e minha irmã indagou sobre a situação… A resposta foi “Ela está precisando, daqui a pouco não vão mais servir pra mim”.
Juro, senti raiva naquele momento! Dela e de mim! Dela porque senti algo como “Já passei dessa fase, agora a gorda escrota da família será ela” (ela fez redução de estômago) e de mim, porque me senti um lixo, como alguém que merece/precisa dos restos dos outros, das últimas coisas na lista do legal, da qualidade, da beleza e afins.
Enfim, lá estava eu com minhas novas calcinhas… Eis que começa a saga pelas calcinhas da minha irmã!
Fomos para outra cidade, e no centro à uma loja tipo atacado de lingerie, olhei por cima e não vi nada pra mim (a despeito de ter comprado 2 sutiãs), mas ela não gostou de nada… Olhamos na C&A, Marisa, Pernambucanas, voltamos para minha cidade, olhamos em 3 lojas diferentes e nada era o que ela queria! NADA! E ela veste M, as vezes P, e no máximo, um G. “Não gosto desse modelo”, “É grande demais”, “A alça é larga”, “A cava é alta”, “Não gosto desse tecido”, “Não quero de lycra”, “Esse algodão é ruim”, “Não quero bege e chocolate porque são feias”, “Não quero colorida porque vai aparecer na roupa”, “Não quero branca porque encarde”… Tem noção?
Além de toda a frescura, aliás, bastante irritante e estafante, o que no final concluí foi que, porra, vestir até o G é brincar de rainha! Você pode escolher qualquer coisa, cor, detalhe, tecido, acabamento e a puta que pariu! Acho que depois de toda irritação que passamos, fiquei com um pouco de inveja dela, afinal, saiu com uma ou outra de estampa linda e pode comprar todas as outras do jeito que queria, com todas suas restrições do inferno!
Eu mal encontro uma que fique realmente confortável, fora que o preço é sempre 2 ou 3 vezes maior do que as dela =/
Lembro que olhando na C&A e Marisa, fiquei apaixonada por vários conjuntos, mas mesmo que comprasse o sutiã (se servisse né, porque uma vez cheguei a experimentar um 48 e isso há anos atrás, quando era menos gorda que agora, e ficou pequeno), não levaria a calcinha e aí já teria perdido praticamente toda a graça… Se for pra descombinar, que seja de maneira discreta!
E o pior é que as peças lá são bemmm mais baratas! Claro, tem umas de baixa qualidade, mas tem umas que são ótimas… Mesmo as de baixa qualidade, pensa, valem o preço pago e pronto.
Um dia, quando eu estiver magra, vou reservar pelo menos uns 200 ou 300 reais e gastar todo só em lingerie bonita e barata!!!
Como o assunto é ser pelas roupas… Problema das calcinhas “resolvido”, chegou a vezes das calças… Ah! As calças. Bom, eu gosto de calça jeans – acho prático, bonito, dá pra ir a praticamente qualquer lugar e dependendo do tecido/modelagem fica legal no corpo.
O problema é que se Qualquer roupa grande já é Difícil, imagina calça jeans! Tanto que quando estava em outra loja, uma bem bacaninha da minha cidade, esperando a moça trazer umas blusas do estoque, notei que atrás mim estava a prateleira das calças jeans e um selinho indicando o tamanho que havia em cada nicho… Não tive muito tempo para olhar, mas só vi até o 46.
E minhas amigas, 46 não passa nem dos meus joelhos! Se eu fosse 46, nem reclamaria tanto… Mas eis que sou 58/60!
Um pouco antes de ir para lá, estava praticamente evitando sair de casa, porque todas minhas calças já estavam rasgadas entre as pernas (o que acontece praticamente com todas gordinhas e também com algumas magras de pernas grossas) e isso chega em um limite que é impossível usar, porque começa esfregar na pele até arranhar e depois arrancá-la e ficar em carne viva =/
Como disse, é difícil achar calça, portanto, só comprava em um lugar, uma loja da fábrica… Estive lá no começo do ano, mas as peças ficaram pequenas ou grandes demais (sim, o suficiente pra não ficar legal mandando apertar para todos os lados), então fiquei só com as que já tinha… Chegando na tal loja, a dona veio se explicar falando uma monte de enrolações, enfim, parece que a loja fechou.
Gente, sério, surtei internamente! E agora, o que vou vestir? Sim, ainda estou pensando nisso, a despeito de ter inventado um absurdo para a improvisação… Estou usando por baixo do jeans uma legging capri… Imagina a hora que esquentar mais que agora!!!
Não vou dizer que está confortável, mas está menos pior que sem ela. No entanto, não sei quanto tempo isso irá durar…
Pensei em levar as calças para remendar, mas acho que já estão rasgadas demais para tanto e fora a vergonha né, e mais, a vergonha de chegar lá e a costureira dizer que não tem como.
Por fim, para finalizar esse post já enorme, conto uma situação em quem tentei ser mais eu…
Estava comprando tênis acompanhada do meu namorado, mas com o orçamento meio baixo e as opções poucas; tinha tido uns 3 tênis da Fila, marca que adoro os modelos, mas que é um lixo que não chega durar 1 ano… Daí ele começou a dizer que eu deveria pegar x modelo de x marca, porque tinha um preço razoável e era durável… No entanto, o modelo é masculino!
Mas masculino Mesmo e não com cara de unissex… Outra coisa a se pensar é que tenho poucos sapatos e praticamente vou A TODO LUGAR de tênis, então, como eu ia escolher aquela coisa masculina que não combinava COMIGO e nem com nada?
Bati o pé e disse que não levaria, que preferia ficar com outro modelo que era um pouco mais do meu agrado, ainda que não durasse tanto… Expliquei a situação de estar sempre com o calçado e tal, mas queria ter podido dizer muito mais.. O quanto eu sou privada de usar o que gosto, seja por não ter do meu tamanho, eu não conseguir usar ou não ter como comprar… Que eu já usava tanta coisa só porque servia e as vezes nem gostava tanto, portanto, aquilo eu não poderia fazer, não poderia sair por aí com um tênis masculino e me sentir ainda mais menos eu.. Me tornando alguém sem combinações, sem gostos, sem estilo e praticamente masculinizada.